sábado, 30 de janeiro de 2021

A encruzilhada em que está o CDS !!


 Há um ano atrás... correndo o risco de ser repetitivo, os barões e os baronetes, que perderam o partido em Óbidos e nunca mais o encontraram, resolveram tomar conta "do forte", mas para isso precisavam de um testa de ferro, alguém que não tendo estado em Óbidos, não podia ser relacionado com o facto e passaria despercebido... Porém, houve quem não tivesse apagado da memória os momentos dramáticos, para um e outro lado, passados naquela sala e que até hoje me envergonham profundamente.

O congresso que se seguiu foi uma mera formalidade, se a memória não me falha, foi em Torre Novas e foi a consolidação do regresso de Paulo Portas, os anos seguintes, desempenhei funções no partido, como qualquer filiado activo, foi presidente de concelhia e fui Conselheiro Nacional, eleito numa lista apoiada pela JP de Bragança, da qual muito me orgulho, e de quem recordo com saudades os tempos em campanha e em reuniões. Como recordo os " arranca rabos" ou a crispação quer entre o então presidente da CPD, quer entre o então Presidente da CPN. A minha voz discordante, sempre se fez ouvir desde então, culminando com a minha saída do partido, porque não concordava com certas e determinadas coisas que se passavam, nomeadamente ao nível da CPD ou à falta dele, mas também por razões profissionais e académicas. Enquanto estive afastado do país por 2 anos, não tive qualquer relação com o o partido, mas ainda assim, estava atento e sempre colaborativo, se me solicitavam, lá estava como milhares de muitos outros, porém, quando era necessário criticar o líder do partido, sempre o fiz com a mesma clareza com que o faço hoje, não porque tenho de reclamar de alguma coisa, mas pela simples razão de que na primeira  semana após o meu regresso a Portugal, depois de 2 anos fora, voltei a pedir a minha filiação, e a minha postura era a mesma e foi a mesma até hoje.

Tudo isto para dizer o seguinte: Não passei um ano a defender o CDS, este ano que passou, enquanto era atacado e insultado por membros desta direção, e outros que defenderam a mesma com unhas e dentes, mas que como uma boa escola laranja ensina, escola de esquerda bem entendido, atacam sem argumentos, tentando atingir quem se lhes mete à frente, sem perceberem que estão a prejudicar em vez de ajudar.

Apreendi ao longo destes 20 anos de filiação, que em política não há amigos, e ainda assim, fazemos muitos e bons amigos na política, alguns para toda a vida, mas não esquecemos aqueles que por uma ou outra razão nos marcaram de alguma forma. Obviamente, não sou amigo de nenhum ex-presidente do partido, mas todos eles de uma ou outra forma, defenderam os valores do CDS, obviamente não poderei ser amigo do ainda presidente, nem conhecido, nem nada que lhe valha, porque os valores que ele defende, não são os meus, nem são os do CDS, nem são os de ninguém que defenda os valores Democrata Cristãos. 

Durante a campanha para o último congresso, a informação recolhida era de que Francisco Rodrigues do Santos, não era mais do que um infiltrado do PSD, com o simples propósito de destruir o CDS, chegando mesmo a trazer a publico o assunto, fui abordado na altura pelo próprio que me garantiu, nada ter a ver com o PSD, o que fica muito difícil de acreditar, tendo em conta que grande parte do seu núcleo duro, tem origem na JSD, mas na altura ficou claro, porque tive oportunidade de publicar a mensagem enviada pelo então presidente da JC. Cada um tira as conclusões que quiser.

A verdade meus amigos, é que eu e outros como eu, sabíamos que mais cedo ou mais tarde haveria um grito de revolta de alguém, que finalmente perceberia que este caminho trilhado pelo Francisco, era o caminho para o abismo. Foi esta semana que agora termina, Adolfo Mesquita Nunes, por ventura um dos mais notáveis pensadores dos nossos tempos, que acabou por dar o mote, e despolpou a demissão do último bastião "Chiclete ", Francisco perdia o último vice presidente, oriundo dos confins do congresso de Aveiro. Sim, finalmente o Dr. Lobo D'Avila, do qual nos lembramos bem de outros carnavais, demitiu-se da direção e levou com ele, parte de .... um gabinete de estudos, que já fio em tempos muito importante para o partido.

Este ano que passou, foi terrível para todos nós, mas foi nefasto para o CDS, perdemos identidade, perdemos dignidade, perdemos estatuto, perdemos o prestigio de sermos um partido respeitado, que foi importante para a consolidação do sistema democrático em Portugal. Nenhum de nós pode, por muito desgraçado que tenha sido o ano, esquecer-se por instantes, da importância deste partido.

Por isso, Francisco Rodrigues dos Santos, Carlos Meira, Pedro Borges De Lemos, Abel Matos e Lobo D'Avila, ficarão para a historia do CDS, como os homens que quiseram desfazer o CDS e segundo palavras do próprio Francisco, transforma-lo num Partido Popular. Se quiséssemos um partido popular, tínhamos optado por isso há alguns anos atrás... não preciso de dizer quando.

Por fim, e como estive algum tempo a evitar escrever sobre o assunto, vou fazê-lo só esta vez. O Dr. Mesquita Nunes, tem mérito reconhecido como Secretário de Estado do Turismo, e sabemos que muito do que era o turismo Nacional antes da pandemia, a ele o devem, e por isso estaremos todos eternamente gratos.  Foi responsável pelo programa eleitoral do CDS nas ultimas eleições legislativas, e quem se deu ao trabalho de ler e analisar o que lá está, percebe facilmente que o problema não foi do Dr. Mesquita Nunes nem do que ele escreveu, mas da forma como as estruturas do partido quiseram pegar num trabalho excelente, e simplesmente ignora-lo. Na minha terra chama-se " dar pérolas a porcos", a verdade é que o programa eleitora, está uns 10 anos à frente de qualquer outro que por ventura já tenha sido escrito por alguém. Porém, considero  que o momento que o partido atravessa, não é o momento para o Dr. Mesquita Nunes avançar para a presidência, com muita pena minha confesso, mas não é, e espero que entendam isto como uma mera opinião de alguém preocupado com o futuro do partido. 

Confesso que sim, fiquei entusiasmado com a disponibilidade do Dr. Mesquita Nunes, com a sua determinação, mas convenhamos, já passamos um ano a ser chacota de uma casta de comentadores e jornalistas que mais não fazem do que zurzir-nos todos os dias, sem motivo muitas vezes. O Dr. Mesquita Nunes, não esconde a preferência sexual, e não sou eu que o vou criticar por uma escolha de vida pessoal, mas o que seria do nós, se depois do próximo congresso, muitos dos que hoje nos criticam por tudo e por nada, passassem a olhar para nós, como o partido que se livrou do puto, para eleger um homossexual. Como se a condição sexual de cada um, pudesse interferir com a sua competência . Mais uma vez, não é nada de pessoal, mas não acho que o partido possa resistir a mais um mês de "cantigas de escárnio e mal dizer". Lamento que assim seja, porque como já o disse, é com muita pena minha que não posso neste momento, ver o Dr. Mesquita Nunes a frente dos destinos do CDS.

O CDS precisa de alguém competente, com um lugar de deputado eleito de preferência, sim a solução deve sair do grupo parlamentar, por varias razões que não será necessário explicar, e portanto o leque é escasso, mas é de qualidade. Estou convicto que no momento certo, entre Telmo Correia, Cecília Meireles, Ana Rita Bessa, João Almeida e João Gonçalves Pereira, alguém vai ter assumir as custas de acumular as duas funções, democraticamente eleito.

30 de Janeiro de 2021.

R.A.M. 


5 comentários:

  1. E se em vez de sermos todos comentadores, fôssemos contribuintes?
    O FRS herdou um passivo de 2.5 milhões e zero de ativos, com excepção das subvenções que mal não para as despesas correntes. Paguemos as nossas cotas ou se quiserem sem donativos mensais de pelo menos 5 euros. Migalhas também é pão e o partido precisa. Sem isso como pagarão as autarquicas, as rendas das concelhias, o salário dos trabalhadores...agora precisamos de ação e em especial da nossa solidariedade cristã.

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  2. E se em vez de sermos todos comentadores, fôssemos contribuintes?
    O FRS herdou um passivo de 1.5 milhões e zero de ativos, com excepção das subvenções que não dão para as despesas correntes. Paguemos as nossas cotas ou se quiserem podem dar donativos mensais de 5 euros. Migalhas também é pão e o partido precisa. Sem isso como pagarão as autárquicas, as rendas das concelhias, o salário dos trabalhadores...agora precisamos de ação e em especial da nossa solidariedade cristã. Desculpem as gralhas do texto anterior

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    1. Convém não esquecer, que o Francisco não herdou um passivo 1.5 milhões, mas aprovou ele e a sua direção um passivo de 1.5 milhões , do qual como todos sabemos, está incluido o orçamento da JP. Sejamos honestos, as contas foram aprovadas porque era preciso paga-las .

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