segunda-feira, 19 de junho de 2023

Acabou o silêncio .






 As razões de um silêncio atento.

 

Em política, muitas vezes o silêncio é de ouro, mas muitas outras vezes, serve para nós próprios refletirmos sobre aquilo que queremos para nós e para os que nos rodeiam, para as nossas famílias, os nossos amigos, o nosso país. 

 

Sendo os períodos de reflexão, mais longos ou mais curtos, servem sempre para tomarmos consciência mais seriamente, de tudo quanto nos remeteu para esse período de reflexão. 

 

Muitas vezes em política, deparamo-nos com a velha e triste realidade que herdamos do futebol, e que já tantas vezes fomos obrigados a ouvir, a escrever e a ler. Desde muito cedo percebemos, que o CDS nunca seria um partido da direita pura, desde logo tivemos presidentes do partido, que aceitaram mais tarde ser ministros em governos socialistas, tivemos até presidentes que hoje são autarcas pelo partido socialista, tivemos ainda quem virasse costas ao partido e formasse um partido novo, e tivemos quem simplesmente se mudou de barricada e passou para o PSD, como se o PSD fosse assumidamente o nosso parceiro preferencial. O PSD não só não é nosso parceiro, como de preferencial não tem nada, serve-se do CDS quando precisa e depois descarta-nos como se fossemos descartáveis, só nos suportam porque precisam de nós, e quando precisam de nós, isto serve para os que agora dizem que, com o PSD nunca farão governo.

 

Porém o CDS tem uma carta de princípios, e são esses princípios básicos, raízes da Democracia Cristã, que fizeram do CDS um grande partido, que levaram o CDS a resultados nomeadamente autárquicos dignos da história e da dimensão do partido, e é por esses resultados que devemos todos estar unidos e trabalhar. Não é o que está a acontecer.

 

Por maioria de razão, agenda da atual direção, continua a ser uma amalgama de nada, ou se quiserem chamar os bois pelos nomes, a mensagem que era suposto o presidente do partido fazer passar, não passa mais uma vez, por manifesta falta de estratégia política da qual o próprio presidente e a sua direção não têm a menor ideia em concreto. O recente episódio de um suposto outdoor, que supostamente foi fruto da encomenda de um artigo de opinião, tipo... pague um e leve dois, pagas o artigo e levas o outdoor de graça, só que não, porque a mensagem que passou não foi ao contrário do que possa parecer, a mais eficaz, revela que o partido não tem estratégia nenhuma em matéria de comunicação e por isso, comete erros atrás de erros. Não há problema nenhum em cometer erros, desde que haja tempo para os corrigir, mas nós não podemos cometer erros, e encomendar um artigo de opinião a alguém que é tido e sabido, está a trabalhar para outro partido que nem se quer é de direita. 

 

Dito isto, e daí a percebermos o que a atual direção quer, e foi segundo parece aprovado em congresso, é simplesmente liberalizar o CDS, ou seja, injetar mais liberais no partido. Eu relembro que isto já foi ensaiado e não resultou lá muito bem, Paulo Portas tentou duas vezes e das duas vezes deu com os burros na água, não percebo porque é que insistem!! Se é por pura teimosia, ou por manifesta falta de visão política no espectro Nacional. Abrir o partido, provocou a sua própria destruição porque quem entrou, entrou com um objetivo claro, não de ajudar o partido, mas de se ajudar a si próprio, e o resultado é o que temos hoje... uma mão cheia de nada.

 

Em 2005 Paulo Portas deixava o partido numa situação complicada, segui-lhe Ribeiro e Castro, que era na altura deputado Europeu, ajudou a complicar a situação do partido ainda mais, não resolveu nenhum dos problemas que herdou, antes pelo contrário, de tal forma que obrigou Paulo Portas a regressar antes do fim do seu próprio mandato, num Conselho Nacional de má memória em Óbidos se a memoria não me falha em 2007, Paulo Portas gere os destinos do partido até 2015, e os problemas só se agravaram porque a sua origem política era a JSD e não o CDS ou a Juventude Centrista, não, não é crime, mas é sintomático. Assunção Cristas herdade Paulo Portas, um partido, infestado de laranjas podres que azedaram o sumo dos sumos que sempre esteve no Caldas, e por isso foram saindo, azedos porque foram muitas vezes desprezados, não por culpa de Cristas, mas por culpa de muita boa gente que foi entrando no partido sem saber muito bem porquê. A Assunção Cristas, sucedeu Francisco Rodrigues dos Santos, e se alguém criticou este mandato, fui eu sem sombra de dúvida, pelas mesmas razões de sempre, falta de visão política estratégica, comunicação difusa e sem contexto, entre outros que os seus apaniguados mais próximos se encarregaram de manter durante dois anos, não ajudando em nada o partido. E assim chegamos a Nuno Melo. 

 

O atual presidente, tem curriculum, tem experiência, tem capacidade de trabalho, mas não tem a menor noção de como estar em política, não sabe tomar opções, entre o que é importante e quando é importante, e pior que isso, foi buscar o pior que o partido já teve quer a nível Nacional, quer a nível local. A atual direção, recuperou a ideia estapafúrdia de que não é preciso eleger ninguém, os delegados distritais resolvem os problemas, leia-se controlam as concelhias, esquecendo-se que há concelhias que não se deixam controlar seja lá quem for o presidente do partido. E é com estas que temos de contar.

 

Temos, portanto, um partido plagiando Santana Lopes “liga à maquina” nos cuidados intensivos, e uma direção eleita em congresso, a fazer de irmão mais velho que anda aos ponta pés ao ventilador, como andou a anterior durante dois anos, de forma distinta e com resultados conhecidos. O CDS não pode continuar ligado ao ventilador, com dirigentes Nacionais e locais, correrem em volta da cama para tentar desligar o ventilador sem que ninguém perceba quem foi. Somos todos culpados, porque assistimos a esta espécie de jogo da cadeira, sem fazermos nada, sem termos a coragem de ir ao quarto e tirar de lá os que querem desligar o ventilador. 

 

Mais uma vez, para que fique bem claro, nada disto é pessoal. Os que me conhecem, sabem que critiquei sempre os presidentes do CDS quando achava que o devia fazer, e apoiei sempre que achei necessário fazê-lo, e não por ser o presidente A ou B, que agora vou começar a fazer e a pensar de forma diferente. Já desenterramos a Anita, agora seguem-se os próximos episódios. 

 

Acabou o silêncio.

Rui Alexandre Moreira.