domingo, 1 de maio de 2022

Um Ferrari com o motor de um Fiat 500


 Eis então, o novo CDS!!

 

Como devem estar lembrados, disse antes do último congresso, aquilo que durante os últimos 20 anos tenho dito, sobre os presidentes que vão passando, e o partido foi ficando, estarei sempre e acima de tudo, do lado de quem quiser fazer do CDS um partido em quem as pessoas acreditam, só de ouvir o nome, é esse partido que eu quero ver surgir das cinzas, em muito pouco tempo. 

 

Para tal é preciso que se cumpram alguns requisitos fundamentais, que por maioria de razão não foram reunidos pelas direções anteriores, desde há muito tempo a esta parte.

 

Por isso, se no passado recente criticamos uma direção acéfala, cheia de vícios, malformada e sem respeito nenhum pelas bases, não posso agora simplesmente porque a direção mudou, fazer de conta que está tudo bem, quando reptem os erros do passado recente, ou se quiserem, do passado de há quase 20 anos atrás, não tão recente, mas que esteve na essência da derrocada do CDS. Depois de 2 anos de autêntico terrorismo politico, com o qual eu e milhares de filiados, tivemos de conviver enquanto alguns que agora aprecem, cheios de propriedade a dizer de sua justiça e com o peito inchado, tipo galos de Barcelos no poleiro a dizerem coisas do género “ ...agora desculpem lá, mas vamos—nos vingar

 

O CDS pode não ser um partido grande, mas é um partido de pessoas grandes, que sempre deram o seu melhor, muitas vezes sem darem a cara, mas estavam lá, aplicaram a sua força, a sua sabedoria , o seu talento, mas acima de tudo, a sua dedicação a uma causa que deveria ser de todos, a causa do serviço público que muitas vezes é largado de forma desprezível. Fazer serviço público, não é acordar de manhã, vestir uma fatinho italiano e uma gravata de seda, com uns botões de punho bem polidos, e enfiar-se numa sala com ar condicionado e desinfestado por causa das viroses, mas também não pode ser, uma copia barata de um programa que já serviu, não serve mais porque está gasto e fora de uso. Mas acima de tudo, fazer serviço público na política, é estar onde é preciso estar naquele momento. Há um episódio nas legislativas de 2019, que é exemplo disso, o CDS não elegeu um deputado por Bragança e seguramente tudo teria sido muito diferente, se porventura, tivessem ido onde não foram, por razões que agora não me apetece falar, e o Nuno De Lima Mayer Moreira, que recordo com saudade, sabia disso muito bem. Mas é passado, e do passado já sabemos que não vem nada mais. Falemos, portanto, do futuro próximo.  A verdade é que há muito por fazer no CDS, muito caminho das pedras por trilhar, e por muito que nos custe, há seguramente caminhos que não queremos voltar a trilhar, caminhos que não nos levaram a lugar nenhum no passado recente nem o farão no futuro próximo, e, portanto, o tão apregoado “tempo de construir” só fará sentido a partir do momento, em que houver um sinal da nova CPN, de que é com a união entre os vários sectores do partido que se começará um novo ciclo de restruturação do CDS.

 

Lembro-me antes do congresso que não aconteceu em Novembro, de ouvir o actual presidente da CPN, dizer que a união se fazia desde logo, extinguindo as correntes de opinião dentro do CDS, não podia estar mais de acordo, disse-o na altura e digo hoje, como disse a quando da sua criação que aliás votei contra em CN, ao lado de alguns que durante os tempos, mudaram de opinião e são hoje, os porta estandartes das pseudo correntes de opinião, que mais não servem , se não para dar palco, a meia dúzia de supostos políticos com sede protagonismo, sem que para tal tenham feito ou sequer dito, a não ser criticar quem em sede própria, tudo fez para defender o partido, e portanto é de toda a justiça para quem sofreu na pele, os ataques consecutivos destes perseguidores de moinhos de ventos, que agora e na logica de um novo ciclo que se abre e depois de percebermos para que servem e a quem servem, se tome uma decisão definitiva sobre os movimentos e correntes de opinião dentro do CDS. 

 

Porém, não é só de tendências ou correntes de opinião que Nuno Melo tem de se livrar, a bem de todos nós. Há dentro do Caldas uma casta de “funcionários” que não funcionam há muito tempo. O CDS parece um Ferrari com o motor de um Fiat 500, ou de uma 4L se quiserem, e por isso é preciso reparar o motor, limpar as câmaras de combustão, polir os pistões, retificar a cabeça e mudar as juntas, tapar as fugas de óleo e devolver ao Ferrari o seu próprio motor, tirem de lá o motor do Fiat 500,  e devolvam ao CDS o seu próprio motor. Aqueles que em 47 anos, não deixaram que este descalabro acontecesse, muitos deles não recebendo em troca absolutamente nada, nem um obrigado, que as vezes fica bem, nunca esperei mais que isso, ao contrário de uns e outros. 

 

Não fosse bastante, há ainda um outro problema com o qual a nova CPN terá de lidar num futuro muito próximo, e tem mesmo a ver com aquilo que durante anos, temos vindo a assistir que é uma alaranjar do próprio CDS, com a inclusão estratégica de vários agentes do PSD, que se infiltram nas estruturas locais, concelhias e distritais e sabemos todos quem são e onde estão e o que estão lá a fazer, e que em Português simples e prático é preciso correr com eles, é preciso correr com eles e explicar porque é que o fazemos, para não deixar dúvidas nas cabeças mais retrogradas, porque só devolvendo o CDS aos democrata Cristãos, é que podemos começar a recuperar a confiança que milhares de Portugueses depositaram em nós durante 47 anos. 

 

Volto a repetir-me vezes sem conta, darei o meu contributo, se acharem que precisam dele, pagarei as cotas devidas e aprovadas em CN, embora me pareça que em termos práticos pode ser mais uma dor de cabeça, porque vai seguramente haver a manipulação dos meios, como acontece quando se quer acomodar alguém que precisamos de levar a um congresso porque sim, e então as cotas lá aparecem pagas não importa como. No fundo chama-se “ mais do mesmo”. Recomenda-se cautela e caldos de galinha, porque todo o cuidado é pouco. 

 

Uma última palavra sobre as contas do partido. Sabemos todos que a situação financeira não é famosa, mas já não era famosa quando “importamos” Paulo Portas da JSD para o CDS, para quem cá anda desde antes disso, não é novidade nenhuma, portanto se quiserem atribuir culpas a alguém terá de ser muito lá para trás, e por isso acho de muito mau tom, estar agora com esse juízo de valor ou falta de valores que é o que acontece de facto, faltam os valores para financiar o partido de forma eficiente, razão mais que suficiente para não nos pormos a jeito. Isto é. Consta que o partido comprou 4 viaturas, não sei se comprou ou não, mas o que me parece que aconteceu ou deveria ter acontecido, foi que os contratos com as viaturas anteriores terminou e foi a própria locadora que resolveu entregar viaturas novas, mantendo assim os contratos em vigor, é o que normalmente acontece. O que também acontece, é que em tempos de crise, se calhar 4 viaturas são demais e podemos resolver o problema com 2, e evitamos uma série de mal entendidos que podem vir a acontecer. Ainda assim, este e outros contratos só são possíveis, graças a um património imobiliário, que serve de garantia aos mesmos e pode ser útil noutras circunstâncias, não devendo por isso ser alienado por vontade de alguns negociantes da banha da cobra que gravitam pelo Caldas, sendo que o património é o garante da nosso existência e se confunde com a nossa própria identidade. 

 

R.A.M.

1 de Maio de 2022.