quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

O CDS-PP e os tiros nos pés.(re-editado)



 O CDS-PP e os tiros nos pés.

 

Se há coisa de que ninguém me pode acusar, é de dualidade de critérios mo que toca a apoio ou critica dos presidentes do partido ou dos seus fiéis seguidores. Qual D. Quixote e seu fiel escudeiro, Nuno Melo reuniu as tropas para salvar o CDS e em verdade vos digo, que afinal, os moinhos de vento ... estão a vencer a guerra. 

 

Há um ano, prevíamos que o CDS depois do congresso que elegia D. Quixote, desculpem ... Nuno Melo, para presidente do partido, este entrasse de vez numa espiral de crescimento, sem hipótese de retorno, tal não aconteceu, muito pelo contrário. O CDS-PP bateu na fasquia mais baixa de sempre, 0,0%.

 

Podíamos fazer agora um exercício de memoria para melhor percebermos como chegamos aqui e porquê, mas é completamente desnecessário porque já por várias vezes apontei o dedo a uns e outros. Mas façamos uma coisa simples, vamos á história do partido e analisemos o que foi o CDS, antes do PP, ou mesmo antes de outro PP (Paulo Portas), e rapidamente percebemos, antes de Paulo Portas, tínhamos Manuel Monteiro, para início de conversa não sou fã, mas também não vem ao caso, Manuel Monteiro sucedeu ao saudoso Professor Adriano Moreira e o partido nessa fase já sofria de depressão tropical "tendinite" aguda, Manuel Monteiro foi buscar Paulo Portas, um irreverente dono de jornal, que abraçava a vida política depois de uma passagem pela JSD, discreta e sem consequências para nenhum dos lados. Acontece que a ideia que Paulo Portas tinha da política na altura, era completamente diferente daquilo que é hoje, lembro-me bem de um episódio em que o próprio aparecia salvo erro ao lado irmã e dizer que nuca seguiria uma carreira política nem se via como um político. O que prova que na política como no futebol, o que hoje é verdade, amanhã pode muito bem ser mentira. 

 

Andando um pouco mais para trás, depois da sua fundação o CDS chegou a ser primeira força política em vários distritos do país, depois do atentado de Camarate, o CDS começou a perder expressão por causa da AD, a coligação que em 1980, juntou a direita para derrotar os socialistas. A Aliança Democrática era encabeçada por figuras proeminentes na altura, mas que depois do atentado, se deixaram levar pela emoção e “entregaram o ouro ao bandido”, deixando o PSD conseguir duas maiorias absolutas depois do P.S. Paulo Portas resgatou uma parte dos Sociais Democratas que o PSD de Cavaco Silva não queria, e acomodou-os no CDS, culminando com a sua ida pro governo em 2001, e mais tarde em 2011, com uma saída estratégica em 2005 no congresso de Lisboa, onde o partido foi entregue uma ala do CDS mais conservadora, mas que não soube levar o barco a seu porto. José Ribeiro e Castro, era então o Eurodeputado presidente do CDS, com um curriculum próximo do que tem o atual presidente, e pasme-se... Ribeiro e Castro não chegou aos 0.0%, pode ter andado lá perto, mas nem ele nem Francisco Rodrigues dos Santos, chegaram tão baixo. Depois de JRC, regressou Paulo Portas num Conselho Nacional de má memoria em Óbidos, mais um episódio triste, do mais triste a que tive oportunidade de assistir na política, Portas sucede a RC e continua a saga de injetar independentes e mais laranjas no na Caldas, culminando com a sua saída em 2015 e a chegada de Assunção Cristas, que entra com o pé direito, com um discurso firme e audível, mas que rapidamente é abafado pelo aparelho laranja interno. Se Portas era vítima do aparelho, Cristas foi vítima de si própria, não soube afastar as laranjas podres e acabou por contaminar o resto do cesto. Sendo que o seu sucessor Francisco Rodrigues dos Santos, pegou num cesto de laranjas podres e em vez de as deitar fora, andou a espremê-las e a servir sumo de laranja azeda. 

 

Eis que chega Nuno Melo, tem várias garrafas de laranjada azeda, serve o sumo que sobrou, e quando percebe que está azedo, um ano depois, resolve criar um programa que ninguém quis saber o que era apresentado por alguém, que também nunca apostou o pescoço, sobe pena de perder meia dúzia de tachos. Enquadrando assim um círculo em que já ninguém quer entrar. O círculo de um CDS sem identidade própria. 

 

Por isso, hoje este que daqui vos escreve, que tantas vezes apelou ao vosso bom senso, que tantas vezes chamou a atenção de uns e outros responsáveis para o que estava a acontecer, quando usava os pregos e a Anita para que o discurso não ficasse enfadonho, este que foi impedido de apresentar uma moção em duas ocasiões distintas, com contornos absolutamente hilariantes (vistos á distância) numa e noutra, sem que me passasse pela cabeça desfiliar-me ou abandonar o partido porque simplesmente meia dúzia de iluminados não quiseram enfrentar a realidade. Pois bem, o que estava na última moção, era simplesmente um plano para salvar o partido, com cabeça, tronco e membros, plano esse enviado à secretaria geral no pós-congresso, bem como à presidência do partido, aguardando até hoje uma resposta, já que me ensinaram em casa que toda a carta tem resposta. Hoje percebi que afinal para esta direção, a únicas cartas que têm resposta, são as cartas de desfiliação, que são confirmadas por um Sancho Pança qualquer, sem o menor esforço para em vez de aceitarem uma desfiliação que seja, fazerem com que a mesma seja revertida. Não admira que o CDS tenha chegado aos 0.0% de intenções de voto. A única coisa que hoje se me apraz pedir-vos, é que se organizem, juntem as tropas, vamos reunir assinaturas suficientes para requerer um congresso com a maior brevidade possível, porque só assim, poderemos retomar o caminho traçado pela carta de princípios do CDS, e enfrentar os próximos desafios eleitorais com a esperança, o orgulho e a força de sempre. 

 

Saudações Democrata Cristãs.

Rui Alexandre Moreira 

25 de janeiro de 2023.